sexta-feira, 13 de abril de 2012

Arcadismo - resumo

Principais autores do Arcadismo brasileiro

A) POESIA LÍRICA

1. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729 - 1789)

Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (1839)
·         Poeta de transição.
·         Reconhece e admira os princípios estéticos do Arcadismo, aos quais pretende se filiar,
·         Mas não consegue vencer as fortes influências barrocas e camonianas que marcaram a sua juventude intelectual.
·         Racionalmente um árcade,
·         Emotivamente um barroco

2. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810)

Obras: Marília de Dirceu (Parte I - 1792; Parte II - 1799; Parte III - 1812), Cartas Chilenas (1845)

Uma das obras líricas mais estimadas e lidas no país, Marília de Dirceu permite duas abordagens igualmente válidas. A primeira mostra-a como o texto árcade por excelência. A segunda aponta para sua dimensão pré-romântica.


·         Pastoralismo
·         Galanteria
·         Clareza
·         Recusa em intensificar a subjetividade
·         Racionalismo neoclássico que transforma a vida num caminho fácil para as almas sossegadas

Eis alguns dos elementos que configuram o Arcadismo nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, especialmente as da primeira parte do livro, produzidas ainda em liberdade

Um pastor (que é o poeta) celebra, em tom moderadamente apaixonado, as graças da pastora Marília, que conquistou o seu coração:

Tu, Marília, agora vendo
Do Amor o lindo retrato
Contigo estarás dizendo
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto
Que ele foi quem me venceu.

Percebe-se no poema


·         Enquadramento dos impulsos afetivos dentro do amor galante
·         Longe do passionalismo romântico
·         Expressão sentimental vale-se de alegorias mitológicas
·         Conjunto de frases feitas sobre os encantos da amada, sobre as qualidades do pastor
·         Dirceu e sobre a felicidade do futuro relacionamento entre ambos.
·         Conforme o gosto do período, há um esforço para cantar as qualidades da vida em família, do casamento, das módicas alegrias que sustentam um lar.
·         O Desejo da Vida Comum ("Aurea Mediocritas")

B) POESIA ÉPICA

1. BASÍLIO DA GAMA (1741 -1795)

Obra: O Uraguai

O esforço neoclássico do século XVIII leva alguns autores a sonhar com a possibilidade de um retorno ao sentido épico do mundo antigo.
No entanto, numa era onde as concepções burguesas, o racionalismo e a Ilustração triunfam, o heroísmo guerreiro ou aventureiro parecem irremediavelmente fora de moda. A epopéia ressurge, é verdade, mas quase como farsa.


2. SANTA RITA DURÃO (1722-1784) ou Frei José de Santa Rita Durão


Obra: Caramuru (1781)

Principais características do Arcadismo

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre etc.
Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.


Expressões latinas utilizadas para descrever conceitos árcades:
Fugere urbem (fuga da cidade)
  • Locus amoenus (lugar aprazível, ameno)
  • Aurea Mediocritas (mediocridade áurea - simboliza a valorização das coisas cotidianas focalizadas pela razão)
  • Inutilia truncat (cortar o inútil - eliminar o rebuscamento barroco)
  • Carpe diem (aproveite o dia)
A estética do Arcadismo pode ser resumida nos seguintes tópicos:

1) BUSCA DA SIMPLICIDADE

A fórmula básica do Arcadismo pode ser representada assim:


Verdade = Razão = Simplicidade


2) IMITAÇÃO DA NATUREZA

Ao contrário do Barroco, que é urbano, há no Arcadismo um retorno à ordem natural. Como na literatura clássica, a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade. Cultua-se o "homem natural", isto é, o homem que "imita" a natureza em sua ordenação, em sua serenidade, em seu equilíbrio, e condena-se toda ousadia, extravagância, exacerbação das emoções.

O bucolismo (integração serena entre o indivíduo e a paisagem física) torna-se um imperativo social, e os neoclássicos franceses retornam às fontes da antiguidade que definiam a poesia como cópia da natureza.

A literatura pastoril

Esta aproximação com o natural se dá por intermédio de uma literatura de caráter pastoril: o Arcadismo é uma festa campestre, representando a descuidada existência de pastores e pastoras na paz do campo, entre ovelhinhas. Porém, essa literatura pastoril não surge da vivência direta da natureza, ao contrário do que aconteceria com os artistas românticos, no século seguinte. Pode-se dizer que uma distância infinita separa os pastores reais dos "pastores" árcades. E que sua poesia campestre é meramente uma convenção, ou seja, uma espécie de modismo de época a que todo escritor deve se submeter.

Sendo assim, estes campos, estes pastores e estes rebanhos são artificiais como aqueles cenários de papelão pintado que a gente vê no teatrinho infantil. Não devemos, pois, cobrar dos árcades realismo do cenário e sim atentar para os sentimentos e idéias que eles, porventura, expressem.

No exemplo abaixo, de Tomás Antônio Gonzaga, percebemos que o mundo pastoril é apenas um quadro convencional para o poeta refletir sobre o sentido da natureza:

Enquanto pasta alegre o manso gado, / minha bela Marília, nos sentemos / à sombra deste cedro levantado. / Um pouco meditemos / na regular beleza, / Que em tudo quanto vive nos descobre / A sábia natureza.

3) IMITAÇÃO DOS CLÁSSICOS

Processa-se um retorno ao universo de referências clássicas, que é proporcional à reação antibarroca do movimento. O escritor árcade está preocupado em ser simples, racional, inteligível. E para atingir esses requisitos exige-se a imitação dos autores consagrados da Antiguidade, preferencialmente os pastoris.

Como nestes versos de Marília de Dirceu:

Pintam, Marília, os poetas
a um menino vendado,
com uma aljava de setas,
arco empunhado na mão;
ligeiras asas nos ombros,
o terno corpo despido,
e de Amor ou de Cupido

são os nomes que lhe dão.

4) AUSÊNCIA DE SUBJETIVIDADE

A constante e obrigatória utilização de imagens clássicas tradicionais acaba sedimentando uma poesia despersonalizada. O escritor não anda com o próprio eu. Adota uma forma pastoril:


Cláudio Manuel da Costa é Glauceste Satúrnio,
  • Tomás Antônio Gonzaga é Dirceu,
  • Silva Alvarenga é Alcino Palmireno,
  • Basílio da Gama é Termindo Sipílio.
Arcadismo: contexto histórico

No Mundo

Criação da 1ª Arcádia pelos italianos, procurando imitar a lenda grega
Em Portugal

Fundação da Arcádia Lusitana (1756)
No Brasil

Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1768)
Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica

Principais acontecimentos históricos
No mundo

Século XVIII - Século das Luzes
  • Progressivo descrédito das monarquias absolutas;
  • decadência da aristocracia feudal;
  • crescimento do poder da burguesia;
  • Revolução Industrial inglesa;
  • Revolução Francesa.
Pensamento da época

Iluminismo: O uso da razão como meio para satisfazer as necessidades do homem. Os movimentos pela independência do Brasil, como a Inconfidência Mineira, por exemplo, inspiraram-nas nas idéias iluministas.

Laicismo: Estado e igreja devem ser independentes, e as funções do Estado, como a política, a economia, a educação, exercidas por leigos.

Liberalismo: ideologia política que defende os sistemas representativos, os direitos civis e a igualdade de oportunidades para os cidadãos.

* três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário
* Constituição
* Todos estão sob a lei

Empirismo: corrente filosófica que atribui à experiência sensível a origem de todo conhecimento humano.

Em Portugal
D. José no trono na casa do pai João
  • Período Pombal (1750 a 1777)
  • Grandes Reformas na Economia
  • Aumento da exploração na colônia do Brasil
  • Expulsão dos jesuítas do território português
  • A morte de D. José, em 1777, e a queda de Pombal
  • D. Maria, sucessora do trono, tenta resolver os problemas, cada vez maiores, do Erário Real.
  • O dominio Inglês em Portugal cresce, e a dependência econômica de Portugal torna-se incontrolável.
No Brasil
Minas Gerais como centro econômico e político
  • A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor.
  • Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco (Aleijadinho)
  • A corrida pelo ouro se intensifica.
  • Influências das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros
  • Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira)
  • O ciclo da mineração
  • A expulsão dos jesuítas do Brasil - (1759)
  • A Inconfidência Mineira(1789)
A descoberta do ouro na região de Minas Gerais, em fins do século XVII, significa o início de grandes mudanças na sociedade colonial brasileira. A corrida em busca do metal precioso desloca para serras, até então desertas, uma multidão de aventureiros paulistas, baianos e, em seguida, portugueses. A abundância do ouro gera extraordinária riqueza e os primeiros acampamentos de mineiros transformam-se rapidamente em cidades.

O Período de Pombal

Neste momento histórico, D. José assume o reino e nomeia como primeiro-ministro o Marquês de Pombal, que permanecerá no poder de 1750 a 1777. Típico representante do despotismo esclarecido, Pombal inicia uma série de reformas para salvar Portugal da decadência em que mergulhara desde meados do século XVI. O violento terremoto que destrói Lisboa, em 1755, amplia as necessidades financeiras do tesouro luso e os impostos são brutalmente aumentados.

O reformismo de Pombal enfrenta resistências, e ele decide expulsar os jesuítas dos territórios portugueses, no ano de 1758. Também a parcela da nobreza que se opunha a seus projetos é aprisionada e silenciada. Um grande esforço industrial sacode a pasmaceira da Corte. Monopólios comerciais privados e empreendimentos fabris comandam a tentativa de mudança do modelo econômico. O ouro do Brasil funciona como lastro destas reformas.

A Inconfidência Mineira

O crescente endividamento dos proprietários de minas com a Coroa aumenta o desconforto e a repulsa pelo fisco insaciável. Na consciência de muitos ecoa o sucesso da Independência Americana, de 1776. E também a força subversiva das idéias iluministas - expressas em livros que circulam clandestinamente por Vila Rica e outras cidades. Tudo isso termina por estimular membros das elites e alguns representantes populares ao levante de 1789.
Apenas a traição de Joaquim Silvério impedirá que a Inconfidência Mineira chegue a bom termo. Porém, o martírio de Tiradentes e a participação de poetas árcades (ainda que tênue e por vezes equivocada), no esforço revolucionário, transformam a sedição no episódio de maior grandeza do passado colonial brasileiro.


Em resumo:
História colonial muito valorizada
  • Início do nacionalismo
  • Início da luta pela independência - Tomás Antônio Gonzaga ("primeira cabeça da inconfidência" segundo Joaquim Silvério, delator da Inconfidência Mineira)
  • A colônia é colocada como centro das atenções.
O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética.
No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.
A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).
As manifestações artísticas do século XVII (Arcadismo ou Neoclassicismo e Rococó) refletem a ideologia da classe aristocrática em decadência e da alta burguesia, insatisfeitas com o absolutismo real, com a pesada solenidade do Barroco, com as formas sociais de convivência rígidas, artificiais e complicadas.

As mudanças estéticas terão por base uma revolução filosófica: o Iluminismo.

Os criadores do Iluminismo (ou Ilustração) já não aceitam o "direito divino dos reis", tampouco a fé cega nos mandatários da Igreja. Qualquer poder ou privilégio precisa ser submetido a uma análise racional. E agora é a razão (e não mais a crença religiosa) que aparece como sinônimo de verdade.

As novas idéias assentam um golpe definitivo na visão de mundo barroca, baseada mais no sensitivo do que no racional, mais no religioso do que no civil. Por oposição ao século anterior, procura-se, no século XVIII, simplificar a arte. E esta simplificação se dará na pintura, na música, na literatura e na arquitetura pelo domínio da razão, pela imitação dos clássicos, pela aproximação com a natureza e pela valorização das atividades galantes dos freqüentadores dos salões da nobreza européia.


Arcadismo, Setecentismo (os anos 1700) ou Neoclassicismo


O arcadismo, setecentismo (os anos 1700) ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. A influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século XVIII. Os artistas desse período compreendiam que o Barroco havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade e procuravam recuperar e imitar os padrões artísticos do Renascimento, tomados então como modelo.

Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.

Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.

Arcadismo em Portugal

O termo Arcadismo é derivado de Arcádia, região da Grécia onde pastoreiros viviam em harmonia com a natureza, gostavam e poesia e eram chefiados pelo deus Pã. Neoclassicismo, palavra que também designa o estilo desta fase literária, é utilizado para explicitar a atitude que os escritores tinham em escrever como os clássicos renascentistas.

Em 1756, aconteceu a fundação da Arcádia Lusitana, tendo como referência a Arcádia Romana e 1690. No contexto histórico, Portugal se integra ao restante da Europa e nas terras lusitanas há uma tentativa e reformar o ensino superior a partir de idéias iluministas; marquês de Pombal expulsa os jesuítas e desvencilha o ensino escolar da Igreja Católica.

Em 1779, é fundada a Academia de Ciências de Lisboa, com o objetivo de atualizar o progresso científico da época. No Arcadismo português a poesia é mais cultivada do que a prosa, o autor mais cultuado nesta fase literária portuguesa é Manuel Maria Barbosa Du Bocage, poeta que nasceu em 1765, em Setúbal, ingressou na Escola na Marinha, mas vivendo numa ida boêmia teve uma vida militar irregular. Em viagem à Índia esteve por algum tempo no Rio de Janeiro, retornando a Portugal em 1790.

Du Bocage alcançou grande sucesso literário em sua fase pré-romântica, revelando o seu inconformismo com o rigor habitual dos autores arcadistas tinham em escrever, Bocage  permitisse emocionar em seus poemas. Cronologicamente, o Arcadismo em Portugal termina em 1825, ano inicial do Romantismo português.

Trecho de um poema de Du Bocage:

Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões, que me arrastava
Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!










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