A)
POESIA LÍRICA
1. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729 - 1789)
Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (1839)
·
Poeta
de transição. 1. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729 - 1789)
Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (1839)
· Reconhece e admira os princípios estéticos do Arcadismo, aos quais pretende se filiar,
· Mas não consegue vencer as fortes influências barrocas e camonianas que marcaram a sua juventude intelectual.
· Racionalmente um árcade,
· Emotivamente um barroco
2. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810)
Obras: Marília de Dirceu (Parte I - 1792; Parte II - 1799; Parte III - 1812), Cartas Chilenas (1845)
Uma das obras líricas mais estimadas e lidas no país, Marília de Dirceu permite duas abordagens igualmente válidas. A primeira mostra-a como o texto árcade por excelência. A segunda aponta para sua dimensão pré-romântica.
·
Pastoralismo
·
Galanteria
· Clareza
· Recusa em intensificar a subjetividade
· Racionalismo neoclássico que transforma a vida num caminho fácil para as almas sossegadas
Eis alguns dos elementos que configuram o Arcadismo nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, especialmente as da primeira parte do livro, produzidas ainda em liberdade
Um pastor (que é o poeta) celebra, em tom moderadamente apaixonado, as graças da pastora Marília, que conquistou o seu coração:
Tu, Marília, agora vendo
Do Amor o lindo retrato
Contigo estarás dizendo
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto
Que ele foi quem me venceu.
Percebe-se no poema
·
Enquadramento
dos impulsos afetivos dentro do amor galante
·
Longe
do passionalismo romântico · Expressão sentimental vale-se de alegorias mitológicas
· Conjunto de frases feitas sobre os encantos da amada, sobre as qualidades do pastor
· Dirceu e sobre a felicidade do futuro relacionamento entre ambos.
· Conforme o gosto do período, há um esforço para cantar as qualidades da vida em família, do casamento, das módicas alegrias que sustentam um lar.
· O Desejo da Vida Comum ("Aurea Mediocritas")
B) POESIA ÉPICA
1. BASÍLIO DA GAMA (1741 -1795)
Obra: O Uraguai
O esforço neoclássico do século XVIII leva alguns autores a sonhar com a possibilidade de um retorno ao sentido épico do mundo antigo.
No entanto, numa era onde as concepções burguesas, o racionalismo e a Ilustração triunfam, o heroísmo guerreiro ou aventureiro parecem irremediavelmente fora de moda. A epopéia ressurge, é verdade, mas quase como farsa.
2. SANTA RITA DURÃO (1722-1784) ou Frei José de Santa Rita Durão
Obra: Caramuru
(1781)
Principais características do Arcadismo
No
Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno
dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias,
simulação pastoral, ambiente campestre etc.
Esses
ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público
consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e
denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.
Expressões
latinas utilizadas para descrever conceitos árcades:
Fugere
urbem
(fuga da cidade) - Locus
amoenus
(lugar aprazível, ameno)
- Aurea
Mediocritas
(mediocridade áurea - simboliza a valorização das coisas cotidianas
focalizadas pela razão)
- Inutilia
truncat
(cortar o inútil - eliminar o rebuscamento barroco)
- Carpe diem (aproveite
o dia)
1) BUSCA DA SIMPLICIDADE
A fórmula básica do Arcadismo pode ser representada assim:
Verdade = Razão = Simplicidade
2) IMITAÇÃO DA NATUREZA
Ao contrário do Barroco, que é urbano, há no Arcadismo um retorno à ordem natural. Como na literatura clássica, a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade. Cultua-se o "homem natural", isto é, o homem que "imita" a natureza em sua ordenação, em sua serenidade, em seu equilíbrio, e condena-se toda ousadia, extravagância, exacerbação das emoções.
O bucolismo (integração serena entre o indivíduo e a paisagem física) torna-se um imperativo social, e os neoclássicos franceses retornam às fontes da antiguidade que definiam a poesia como cópia da natureza.
A literatura pastoril
Esta aproximação com o natural se dá por intermédio de uma literatura de caráter pastoril: o Arcadismo é uma festa campestre, representando a descuidada existência de pastores e pastoras na paz do campo, entre ovelhinhas. Porém, essa literatura pastoril não surge da vivência direta da natureza, ao contrário do que aconteceria com os artistas românticos, no século seguinte. Pode-se dizer que uma distância infinita separa os pastores reais dos "pastores" árcades. E que sua poesia campestre é meramente uma convenção, ou seja, uma espécie de modismo de época a que todo escritor deve se submeter.
Sendo assim, estes campos, estes pastores e estes rebanhos são artificiais como aqueles cenários de papelão pintado que a gente vê no teatrinho infantil. Não devemos, pois, cobrar dos árcades realismo do cenário e sim atentar para os sentimentos e idéias que eles, porventura, expressem.
No exemplo abaixo, de Tomás Antônio Gonzaga, percebemos que o mundo pastoril é apenas um quadro convencional para o poeta refletir sobre o sentido da natureza:
Enquanto pasta alegre o manso gado, / minha bela Marília, nos sentemos / à sombra deste cedro levantado. / Um pouco meditemos / na regular beleza, / Que em tudo quanto vive nos descobre / A sábia natureza.
3) IMITAÇÃO DOS CLÁSSICOS
Processa-se um retorno ao universo de referências clássicas, que é proporcional à reação antibarroca do movimento. O escritor árcade está preocupado em ser simples, racional, inteligível. E para atingir esses requisitos exige-se a imitação dos autores consagrados da Antiguidade, preferencialmente os pastoris.
Como nestes versos de Marília de Dirceu:
Pintam, Marília, os poetas
a um menino vendado,
com uma aljava de setas,
arco empunhado na mão;
ligeiras asas nos ombros,
o terno corpo despido,
e de Amor ou de Cupido
são os nomes que lhe dão.
4) AUSÊNCIA DE SUBJETIVIDADE
A constante e obrigatória utilização de imagens clássicas tradicionais acaba sedimentando uma poesia despersonalizada. O escritor não anda com o próprio eu. Adota uma forma pastoril:
Cláudio Manuel da Costa é Glauceste Satúrnio,
- Tomás
Antônio Gonzaga é Dirceu,
- Silva
Alvarenga é Alcino Palmireno,
- Basílio da
Gama é Termindo Sipílio.
No Mundo
Criação da 1ª Arcádia pelos italianos,
procurando imitar a lenda grega
Em Portugal
Fundação da Arcádia Lusitana (1756)
No Brasil
Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio
Manuel da Costa (1768)
Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila
Rica
Principais acontecimentos históricos
No mundoSéculo XVIII - Século das Luzes
- Progressivo
descrédito das monarquias absolutas;
- decadência
da aristocracia feudal;
- crescimento
do poder da burguesia;
- Revolução
Industrial inglesa;
- Revolução
Francesa.
Iluminismo: O uso da razão como
meio para satisfazer as necessidades do homem. Os movimentos pela independência
do Brasil, como a Inconfidência Mineira, por exemplo, inspiraram-nas nas idéias
iluministas.
Laicismo: Estado e igreja devem
ser independentes, e as funções do Estado, como a política, a economia, a
educação, exercidas por leigos.
Liberalismo: ideologia política
que defende os sistemas representativos, os direitos civis e a igualdade de
oportunidades para os cidadãos.
* três poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário
* Constituição
* Todos estão sob a lei
* Constituição
* Todos estão sob a lei
Empirismo: corrente filosófica
que atribui à experiência sensível a origem de todo conhecimento humano.
Em Portugal
D. José no
trono na casa do pai João - Período
Pombal (1750 a 1777)
- Grandes
Reformas na Economia
- Aumento da
exploração na colônia do Brasil
- Expulsão
dos jesuítas do território português
- A morte de
D. José, em 1777, e a queda de Pombal
- D. Maria,
sucessora do trono, tenta resolver os problemas, cada vez maiores, do
Erário Real.
- O dominio
Inglês em Portugal cresce, e a dependência econômica de Portugal torna-se
incontrolável.
Minas Gerais como centro econômico e político
- A
descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor.
- Vila Rica
(atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco
(Aleijadinho)
- A corrida
pelo ouro se intensifica.
- Influências
das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros
- Conflitos
com o Império (Inconfidência Mineira)
- O ciclo da
mineração
- A expulsão
dos jesuítas do Brasil - (1759)
- A
Inconfidência Mineira(1789)
O Período de Pombal
Neste momento histórico, D. José assume o reino e nomeia como primeiro-ministro o Marquês de Pombal, que permanecerá no poder de 1750 a 1777. Típico representante do despotismo esclarecido, Pombal inicia uma série de reformas para salvar Portugal da decadência em que mergulhara desde meados do século XVI. O violento terremoto que destrói Lisboa, em 1755, amplia as necessidades financeiras do tesouro luso e os impostos são brutalmente aumentados.
O reformismo de Pombal enfrenta resistências, e ele decide expulsar os jesuítas dos territórios portugueses, no ano de 1758. Também a parcela da nobreza que se opunha a seus projetos é aprisionada e silenciada. Um grande esforço industrial sacode a pasmaceira da Corte. Monopólios comerciais privados e empreendimentos fabris comandam a tentativa de mudança do modelo econômico. O ouro do Brasil funciona como lastro destas reformas.
A Inconfidência Mineira
O crescente endividamento dos proprietários de minas com a Coroa aumenta o desconforto e a repulsa pelo fisco insaciável. Na consciência de muitos ecoa o sucesso da Independência Americana, de 1776. E também a força subversiva das idéias iluministas - expressas em livros que circulam clandestinamente por Vila Rica e outras cidades. Tudo isso termina por estimular membros das elites e alguns representantes populares ao levante de 1789.
Apenas a traição de Joaquim Silvério impedirá que a Inconfidência Mineira chegue a bom termo. Porém, o martírio de Tiradentes e a participação de poetas árcades (ainda que tênue e por vezes equivocada), no esforço revolucionário, transformam a sedição no episódio de maior grandeza do passado colonial brasileiro.
Em resumo:
História
colonial muito valorizada - Início do
nacionalismo
- Início da
luta pela independência - Tomás Antônio Gonzaga ("primeira cabeça da
inconfidência" segundo Joaquim Silvério, delator da Inconfidência
Mineira)
- A colônia é
colocada como centro das atenções.
No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.
A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).
As manifestações artísticas do século XVII (Arcadismo ou Neoclassicismo e Rococó) refletem a ideologia da classe aristocrática em decadência e da alta burguesia, insatisfeitas com o absolutismo real, com a pesada solenidade do Barroco, com as formas sociais de convivência rígidas, artificiais e complicadas.
As mudanças estéticas terão por base uma revolução filosófica: o Iluminismo.
Os criadores do Iluminismo (ou Ilustração) já não aceitam o "direito divino dos reis", tampouco a fé cega nos mandatários da Igreja. Qualquer poder ou privilégio precisa ser submetido a uma análise racional. E agora é a razão (e não mais a crença religiosa) que aparece como sinônimo de verdade.
As novas idéias assentam um golpe definitivo na visão de mundo barroca, baseada mais no sensitivo do que no racional, mais no religioso do que no civil. Por oposição ao século anterior, procura-se, no século XVIII, simplificar a arte. E esta simplificação se dará na pintura, na música, na literatura e na arquitetura pelo domínio da razão, pela imitação dos clássicos, pela aproximação com a natureza e pela valorização das atividades galantes dos freqüentadores dos salões da nobreza européia.
Arcadismo, Setecentismo (os anos 1700) ou Neoclassicismo
O arcadismo, setecentismo (os anos 1700) ou
neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do
século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. A influência
neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século
XVIII. Os artistas desse período compreendiam que o Barroco havia ultrapassado
os limites do que se considerava arte de qualidade e procuravam recuperar e
imitar os padrões artísticos do Renascimento, tomados então como modelo.
Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.
Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.
Arcadismo em Portugal
O termo Arcadismo é derivado de Arcádia, região da
Grécia onde pastoreiros viviam em harmonia com a natureza, gostavam e poesia e
eram chefiados pelo deus Pã. Neoclassicismo, palavra que também designa o
estilo desta fase literária, é utilizado para explicitar a atitude que os
escritores tinham em escrever como os
clássicos renascentistas.
Em 1756, aconteceu a fundação da Arcádia Lusitana, tendo como referência a Arcádia Romana e 1690. No contexto histórico, Portugal se integra ao restante da Europa e nas terras lusitanas há uma tentativa e reformar o ensino superior a partir de idéias iluministas; marquês de Pombal expulsa os jesuítas e desvencilha o ensino escolar da Igreja Católica.
Em 1779, é fundada a Academia de Ciências de Lisboa, com o objetivo de atualizar o progresso científico da época. No Arcadismo português a poesia é mais cultivada do que a prosa, o autor mais cultuado nesta fase literária portuguesa é Manuel Maria Barbosa Du Bocage, poeta que nasceu em 1765, em Setúbal, ingressou na Escola na Marinha, mas vivendo numa ida boêmia teve uma vida militar irregular. Em viagem à Índia esteve por algum tempo no Rio de Janeiro, retornando a Portugal em 1790.
Du Bocage alcançou grande sucesso literário em sua fase pré-romântica, revelando o seu inconformismo com o rigor habitual dos autores arcadistas tinham em escrever, Bocage permitisse emocionar em seus poemas. Cronologicamente, o Arcadismo em Portugal termina em 1825, ano inicial do Romantismo português.
Trecho de um poema de Du Bocage:
“Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões, que me arrastava
Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!”
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