sexta-feira, 30 de março de 2012

Classicismo - resumo


O Renascimento surgido na Itália , no século XV , espalhou-se por toda a Europa já no século seguinte . Isso aconteceu em virtude da rapidez da divulgação cultural , a partir da invenção da Imprensa . O trabalho de recuperação e tradução dos textos antigos , desenvolvido pelos humanistas , contribuiu para a substituição gradativa do ensino religioso pelo ensino laico nas universidades . A cultura deixou de ser exclusividade dos membros da Igreja , atingindo camadas mais amplas da burguesia emergente , que a encarava como um meio de destaque social , substituidor dos títulos de nobreza e do sangue aristocrático que ela não possuía . As descobertas científicas recentes voltavam a privilegiar o racionalismo , indicando uma tendência antropocêntrica que ressaltava ainda mais a distância em que o mundo se encontrava da era medieval .

Convencido e consciente de sua capacidade , o homem , agora , preocupava-se com a sua realidade diária , concreta , humana , terrena e menos com a idéias de morte com a salvação da alma . Evidentemente , isso não significava uma onda de ateísmo declarado , mas uma mudança de se tornar a "medida de tosas as coisas ".

Em Portugal , o Quinhentismo ( Classicismo ) teve início em 1527 , quando do retorno do poeta Sá de Miranda de Itália , onde viverá vários anos para estudos.

Na bagagem , trazia novas técnicas versificatórias , o "dolce stil nuovo ". Além de introduzir no país o decassílabo ( medida nova ) em oposição à redondilha medieval ( 5 ou 7 sílabas ) , que passou a ser chamada de medida velha , trouxe uma nova conceituação artística . Devemos entender , portanto , que Sá de Miranda não trouxe para Portugal apenas um verso de medida diferente , mas um gosto poético mais refinado .

Juntamente com o decassílabo , passaram a ser cultivadas novas formas fixas de poesia , como o soneto ( 2 quartetos e tercetos , com metrificação em decassílabos e rimas em esquemas rigorosos ) , a ode ( poesia de exaltação ) , a écloga ( que tematiza o amor pastoril ) , a elegia ( revelação de sentimentos tristes ) , a epístola ( carta em versos ) . É preciso lembrar que a substituição do verso redondilha ( medida velha ) , característico da Idade Média , pelo decassílabo ( medida nova ) não se deu de forma imediata , pois ambas as medidas conviveram por grande parte do século XVI .

Os acontecimentos marcantes da história portuguesa do século XVI ( a liberdade predominante durante a dinastia de Avis , as grande navegações ) , contribuíram para o considerável desenvolvimento cultural do país . a obra de Gil Vicente já era um exemplo disso , mas ao longo do século a tendência se acentuou ainda mais.

São marcas dessa consolidação: a estruturação de usos da língua portuguesa ; o surgimento ou a reafirmação de autores de produção regular ( como João de Barros , Damião de Góis , Fernão Mendes Pinto nos estudos históricos ; Sá de Miranda , Antônio Ferreira e Luís de Camões no terreno da literatura ) ; o incremento na literatura de autores estrangeiros consagrados ( como Francisco Petrarca , Dante Alighieri e Giovanni Boccaccio ) .

Mas , nesse século , também se deram os fatos que marcaram oficialmente o fim do Classicismo . No ano de 1580 , ocorreu a anexação de Portugal pela Espanha , situação que perduraria por 60 anos . No mesmo ano , a morte do maior autor clássico português , Luís de Camões , encerrava o Classicismo . A partir dessa data , Portugal passará a viver o estilo Barroco , sob a influência espanhola .

O antropocentrismo da sociedade européia descrito acima deságua na identificação com preceitos da cultura greco-latina , que passa a ser valorizada , resgatada , estudada e facilmente assimilada e incorporada a hábitos e tradições e à visão de mundo de artistas e intelectuais europeus . A cultura greco-latina se sobrepõe ao quadro espiritual herdado da idade Média .

CARACTERIZAÇÃO

O caráter básico do classicismo é exatamente a influência do modelo greco-latino . Daí se originou a atitude racionalista , que via a razão como bem supremo a ser atingido e cultivado .

Do racionalismo advêm a busca de equilíbrio , entre forma e inspiração , e a presença da harmonia e da clareza na obra de arte , como conseqüência de uma sociedade crente em si mesma , porque otimista quanto ao presente e futuro do homem .

A herança greco-latina determinou a presença dos deuses do Olimpo ( mitologia grega ) nas obras literárias da época . O respeito e culto à natureza vieram como conseqüência da adoção da teoria aristotélica do homem natural . Belo passou a ser encarado como conceito associado ao Bem ( nobreza de se$6timentos ).

Um componente fundamental foi o universalismo, trazido a partir de dois fatores básicos: uma nova mentalidade científica voltada para a reflexão em torno do lugar do Homem no mundo ( pesquisas de Leonardo da Vinci , Copérnico , Kepler , Giordano Bruno e outros ) e uma preocupação maior com o bem coletivo.

Esses traços identificadores do classicismo renascentista definiram um caráter fundamental: o antropocentrismo. Os arroubos místicos medievais foram momentaneamente afastados .

A expressão artística buscava a linguagem clara , simples , sem excessos , como correspondente do equilíbrio na maneira de encarar o mundo . A expressão dos sentimentos permaneceu , mas estava submetida a uma tentativa de explicação racional , de explanação lógica .

Classicismo
o período clássico a música torna-se mais leve e menos complicada que no barroco. Agora a música revela uma extrema suavidade e beleza com grande equilíbrio e perfeição estética.

No classicismo é a melodia com acompanhamento de acordes que predomina. As frases melódicas são curtas, claras e bem definidas, sentindo-se o princípio, meio e fim de cada uma. Há também uma maior variação em relação à dinâmica das obras musicais, surge o sforzatto, o crescendo e diminuendo. A sonoridade resultante de todas estas características é bastante tonal.

O cravo cai em desuso para dar lugar ao piano que o irá substituir definitivamente. Também a orquestra toma maiores proporções ao mesmo tempo que diversifica os seus instrumentos.

Piano: instrumento de tecla e percussão, com teclado, cordas, caixa de ressonância e martelo (para percutir as cordas).normalmente tem 88 teclas, com uma extensão de 7 ou 8 oitavas.

Desenvolvem-se grandes géneros instrumentais como: a forma sonata, o quarteto de cordas, a sinfonia e o concerto.

Forma sonata

É uma das principais formas musicais usada pelos compositores da época.

A forma sonata tem 3 secções principais intituladas: Exposição, Desenvolvimento e reexposição.

Exposição

Secção em que o compositor expõe as suas ideias musicais ou temas.

Desenvolvimento

Esta secção apresenta material musical novo mas com base nos temas da exposição.

Reexposição

É a repetição da exposição mas com pequenas alterações.

Quarteto de cordas

É um grupo de 4 músicos ou executantes constituído, na maior parte das vezes, por 2 violinos, 1 viola e 1 violoncelo.

Sinfonia

É um termo que teve vários significados ao longo dos séculos, traduzindo-se no classicismo como uma pequena peça instrumental constituída por 3 secções ou andamentos segundo a forma básica: rápido, lento, rápido.

Concerto

É uma execução musical em público com um número consubstancial de músicos num palco.(É diferente de um recital que normalmente tem em palco sensivelmente dois músicos).

Por sua vez a ópera desenvolve-se como sendo o grande género do classicismo, tornando-se cada vez mais popular. A ópera também deixa os temas míticos usados no barroco e usa temas do quotidiano e personagens reais (de carne e osso).

É uma época com bastantes compositores e pessoas ligadas à música. Pode-se dizer mesmo que é a mais produtiva de todos os períodos da história da música.

Viena de Áustria é considerada a cidade do classicismo com maior interesse em termos musicais, sendo o grande centro da vida musical oitocentista. Assim e neste contexto, surge a 1ª Escola de Viena onde se concentraram a maioria dos grandes compositores deste período áureo da música.

1ª Escola de Viena:

Os três grandes compositores de referência desta escola são:

Joseph Haydn

Wolfgang Amadeus Mozart

Ludwing Van Beethoven.

Quatro séculos depois do inicio do trovadorismo, surge em Portugal o classicismo, também chamado de Quinhentismo por ter se manifestado no século XVI, em 1527 (pela data), quando o poeta Sá de Miranda retorna da Itália trazendo as características desse novo estilo.


Contexto histórico do classicismo: renascimento

As grandes navegações fazem com que o homem do inicio do século XVI se sinta orgulhoso e confiante em sua capacidade criativa e em sua força: desafiar os mares, percorrer os oceanos, descobrir novos mundos, produzir saberes, desenvolver as ciências e transformá-las em tecnologia, tudo isso resulta no surgimento de um Homem muito diferente daquele existente na idade media e esse homem volta a ser o centro da sua própria vida (antropocentrismo).

O que esse homem faz de melhor é em prol de si mesmo e isso se reflete também na arte e na literatura que ele produz nessa época. Esse caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas “trevas” da idade media, mas já havia existido na antiguidade (na civilização grega, por exemplo) e é porque, no inicio do século XVI, ocorre o ressurgimento ou renascimento do Antropocentrismo, que esse período da historia é chamado de renascimento.

O renascimento é o momento histórico em que o homem produz grande quantidade e qualidade de obras artísticas e literárias; elas perdem o primitivismo e a ingenuidade de obras medievais e ganham um aprimoramento técnico que supera ate as obras da antiguidade: as cores se multiplicam, surge à noção de perspectiva, as formas humanas são concebidas de maneira mais nítida, no caso da arte. O “berço” do renascimento é a Itália.
O tema predominante nas obras artísticas e literárias do renascimento é sempre o homem e tudo que diz respeito a ele.


A literatura produzida no renascimento: o classicismo

À volta do mesmo espírito antropocêntrico da antiguidade faz com que o homem renascentista busque inspiração nos modelos artísticos e literários – nas obras – das antigas civilizações, principalmente nas da Grécia antiga. Assim, as características das obras da antiguidade são trazidas de volta e são também chamadas de idade clássica e as obras produzidas naquela época são igualmente chamadas de clássicas. Como a obra renascentista possui as mesmas características da obra da antiguidade, também ela é chamada de clássica e esse período artístico e literário, de classicismo.

Características do classicismo renascentista:

Antropocentrismo
Presença de elementos da mitologia
Presença de elementos do cristianismo
Preciosismo vocabular
Obediência à versificação
Figuras (em especial de personificação)
Racionalismo (=objetividade)
Universalismo (=generalização)

Características do classicismo:
1- Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc...
2- Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos clássicos renascentistas: Os Lusíadas: (Vênus) = a deusa do amor; Marte (o deus da guerra), protegem os portugueses em suas conquistas marítimas.
3- Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou verdades universais.
4- Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras literárias.
5- Idealismo: O classicismo aborda os homens ideais, libertos de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopéias (grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.
6- Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
7- Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.


Luis de Camões

Características da poesia de Luis Vaz de Camões

1- Poesia elaborada sobre uma experiência pessoal múltipla.
2- Síntese entre a tradição literária portuguesa e as inovações introduzidas pelos ilalianizozntes do "dolce stil nuevo": redondilhas> inovações formais (decassílabo) Mote glosado > inovações temáticas (amor platônico e seus paradoxos)
A lira de Luis Vaz de Camões
1- Visão da natureza (idal clássico que se caracteriza pela harmonia, ordem e racionalidade (a natureza é um exemplo)).
2- Concepção do amor: (Platonismo: O verdadeiro amor, amor puro, está no mundo das idéias).
3- O desconcerto do mundo (a razão desvenda o mundo sem sentido e sofre).


Classicismo em Portugal

O marco inicial do Classicismo português é em 1527, quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma viagem feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação literária e as novas formas de composição poética, como o soneto. O período encerra em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.

Características do Classicismo

Imitação dos gregos e latinos Ao redescobrirem os valores do ser humano, abafados pela Igreja durante a Idade Média, os artistas deste período voltam-se para a Antiguidade. O próprio nome desse estilo de época –Classicismo – tem sua origem no aprofundamento dos textos literários e filosóficos estudados nas escolas. Na Idade Média, esses textos eram reproduzidos nos conventos e difundidos entre os estudiosos, mas passavam por uma censura religiosa, que só mantinha os aspectos que não feriam a moral cristã. Com o Renascimento, houve um retorno a esses textos, mas em sua versão original, completa.

Foi da Arte Poética de Aristóteles que os artistas do Classicismo retiraram o conceito de imitação ou mímesis. Segundo Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da natureza ou da sociedade ideal, além de retomar idéias de outros poetas, reconhecidamente importantes por sua obra. Não se trata de copiar outros autores, e sim de assemelhar-se à sua obra. Petrarca comparava esta semelhança à que existe entre pai e filho: é inegável que se pareçam, mas o filho tem suas características próprias, que o individualizam. O mesmo aconteceria à obra literária: seria semelhante à de Virgílio, Horácio e outros autores da Antiguidade, usando o que eles tivessem de melhor, mas conservando seus traços próprios.

O universalismo Para os clássicos, a obra de arte prende-se a uma realidade idealizada; uma concepção artística transcendente, baseada no Bem, no Belo, no Verdadeiro – valores passíveis de imitação. A função do artista é a de criar a realidade circundante naquilo que ela tem de universal.
O racionalismo Os autores clássicos submetem suas emoções ao controle da razão. Ao abandonar o teocentrismo, o homem deste período afasta os temores da Idade Média e passa a crer em suas potencialidades, incluindo nelas a habilidade de raciocinar. A cultura clássica é uma cultura da racionalidade.

A perfeição formal Preocupados com o equilíbrio e a harmonia de seus textos, os autores clássicos adotam a chamada medida nova para os poemas: versos decassílabos e uso freqüente de sonetos (anteriormente, usava-se medida velha: redondilhas).
Elitismo Os clássicos evitam a vulgaridade. O Classicismo tende à realização de uma arte de elite, o que reflete a organização social da época (a aristocracia era a classe dominante).

A concepção clássica foi introduzida em Portugal por Sá de Miranda, ao regressar da Itália, onde conheceu novos conceitos de arte e novas formas poéticas. Uso da mitologia Voltados para os valores da Antiguidade, os autores clássicos utilizam-se, com freqüência, de cenas mitológicas, as quais simbolizam com propriedade as emoções que o autor quer exteriorizar. Assim, a imagem do Cupido, por exemplo, simboliza o amor.

Classicismo Literário

Os escritores classicistas retomaram a idéia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular.



Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu a denominação de medida nova.

Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.

Luís de Camões (1525?-1580): poeta soldado

Escritor de dados biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como soldado para a África, onde, em combate, perdeu o olho direito.
Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde participou de várias expedições militares.
Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema épico que celebrava os recentes feitos marítimos e guerreiros de Portugal.
A obra fez tanto sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma pensão anual – que mesmo assim não o livrou da extrema pobreza que vivia.
Camões morreu no dia 10 de junho de 1580.

A Poesia Épica de Camões

Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no título do poema: Os lusíadas.

O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias.A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André de Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso (filho ou companheiro do deus Baco).

A EstruturaOs lusíadas apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos.

Divisão dos Cantos1ª parte:
Introdução: Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se em:
Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema e do herói (constituem as três primeiras estrofes do canto I).
Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a elas inspiração para fazer o poema.
Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, rei de Portugal.

2ª parte: Narração
Na narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos portugueses ao Oriente.

3ª parte: Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto X), em que o poeta pede às musas que o inspiraram que calem a voz de sua lira, pois está desiludido com uma pátria que já não merece as glórias do seu canto.

O herói
Como o título indica, o herói desta epopeia é coletivo, os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses.

Episódio O Velho da praia do Restelo

Um dos episódios mais célebres da obra: o Velho do Restelo (canto IV, estrofes 94-104). O sentido do discurso atribuído ao Velho é bastante claro; não obstante, o episódio coloca alguns problemas quanto ao pensamento do poeta relativamente à questão tratada.
Os navios portugueses estão prestes a largar; esposas, filhos, mães, pais e amigos dos marinheiros apinham-se na praia (do Restelo) para dar seu adeus, envolto em muitas lágrimas e lamentos, àqueles que partiam para perigos inimagináveis e talvez para não mais voltar.

No meio desse ambiente emocionado, destaca-se a figura imponente de um velho que, com sua "voz pesada", ouvida até nos navios, faz um discurso veemente, condenando aquela aventura insana, impelida, segundo ele, pela cobiça -o desejo de riquezas, poder, fama. Diz o velho que, para ir  enfrentar desnecessariamente perigos desconhecidos, os portugueses abandonavam os perigos urgentes de seu país, ainda ameaçado pelos mouros e no qual já se instalava a desorganização social que decorreu das grandes navegações.
Segundo parece, o velho representa a opinião conservadora (alguns diriam "reacionária") da época -opinião da aldeia, do torrão natal, da vida segura, mas não heróica.

O discurso do Velho contém uma condenação enfática da guerra, de acordo com o ponto de vista do Humanismo, que era antibelicista. Mas o Velho, como Camões, abre exceção (sob a forma de concessão) para a guerra na África (lembremos que o poeta, no início e no fim do poema, recomenda enfaticamente a D. Sebastião que embarque nessa aventura). Sabemos que havia, na época, uma corrente de opinião em Portugal que condenava a política ultramarina do país, direcionada desde D. João 3º em favor da Índia, com o abandono das conquistas africanas.

O episódio de Inês de Castro

Dona Inês, da importantíssima família castelhana Castro, veio a Portugal como dama de companhia da princesa Constança, noiva de D. Pedro, herdeiro do rei D. Afonso 4º. O príncipe apaixonou-se loucamente pela moça, de quem teve filhos ainda em vida da princesa, sua esposa. Com a morte desta, em 1435, ter-se-ia casado clandestinamente com Inês, segundo o que ele mesmo declarou tempos depois, quando já se tornara rei. Talvez tal declaração, embora solene, fosse falsa; é fato, porém, que o príncipe rejeitou diversos casamentos, politicamente convenientes, que lhe foram propostos depois que ficou viúvo.
A ligação entre o príncipe e sua amante não foi bem vista pelo rei, que temia fosse seu filho envolvido em manobras pró-Castela da família de Pérez de Castro, pai de Inês. (Aqui é preciso lembrar que o conflito entre Portugal e Castela, ou seja, a Espanha, remonta à fundação de Portugal, que nasceu de um desmembramento do território castelhano e que Castela sempre almejou reintegrar a si.) Em conseqüência, o rei, estimulado por seus conselheiros, decidiu-se pelo assassinato de Inês, que foi degolada quando o príncipe se achava caçando fora de Coimbra, onde vivia o casal. O crime motivou um longo conflito entre o príncipe e o pai. Depois que se tornou rei, D. Pedro ordenou a exumação (desenterramento) do cadáver, para que Inês fosse coroada como rainha.

O episódio do Gigante Adamastor

Cinco dias depois da paragem na Baía de Santa Helena, chega Vasco da Gama ao Cabo das Tormentas e é surpreendido por uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que pôs nos corações dos portugueses um grande “medo” e leva Vasco da Gama a evocar o próprio Deus todo poderoso.
Foi o aparecimento do Gigante Adamastor, uma figura mitológica criada por Camões para significar todos os perigos, as tempestades, os naufrágios e “perdições de toda sorte” que os portugueses tiveram de enfrentar e transpor nas suas viagens.

Esta aparição do Gigante é caracterizada directa e fisicamente com uma adjectivação abundante e é conotada a imponência da figura e o terror e estupefacção de Vasco da Gama, e seus companheiros, que o leva a interrogar o Gigante quanto à sua figura, perguntando-lhe simplesmente “Quem és tu?”.
Mas mesmo os gigantes têm os seus pontos fracos. Este que o Gama enfrenta é também uma vítima do amor não correspondido, e a questão de Gama leva o gigante a contar a sua história sobre o amor não correspondido.

Apaixona-se pela bela Tétis que o rejeita pela “grandeza feia do seu gesto”. Decide então, “tomá-la por armas” e revela o seu segredo a Dóris, mãe de Tétis, que serve de intermediária. A resposta de Tétis é ambígua, mas ele acredita na sua boa fé.
Acaba por ser enganado. Quando na noite prometida julgava apertar o seu lindo corpo e beijar os seus “olhos belos, as faces e os cabelos”, acha-se abraçado “cum duro monte de áspero mato e de espessura brava, junto de um penedo, outro penedo”.
Foi rodeado pela sua amada Tétis, o mar, sem lhe poder tocar.

Camões Lírico

Camões escreveu versos tanto na medida velha ( cinco ou sete sílabas métrcas) quanto na medida nova ( dez sílabas métricas).

Seus poemas heptassílabos ( sete sílabas métricas) geralmente são compostos por um mote e uma ou mais estrofes que constituíam glosas (ou voltas a ele).

Os sonetos, porém, são a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutura tipicamente silogística, normalmente apresentam duas premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada no último terceto, fechando, assim, o raciocínio.

Camões demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o amor material, manifestação da carnalidade e do desejo, e o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem à realização plena.

Nessa perspectiva, o poeta concilia o amor como idéia e o amor como forma, tendo a mulher como exemplo de perfeição, ansiando pelo amor em sua integridade e universalidade.

Outros Autores

Francisco de Sá de Miranda (1481-1558). Escreveu poemas na medida nova e na medida velha. Escreveu, ainda, a tragédia Cleópatra, as comédias Os Estrangeiros e Vilhalpandos.
Antônio Ferreira (1528-1569). Discípulo de Sá de Miranda, escreveu Poemas Lusitanos, Castro, Bristo e Cioso.João de Barros (1496?-1570), autor de As décadas da Ásia.







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